sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Prajna


Prajna, a sabedoria última, está no reino dos Budas. É a sabedoria da própria natureza original, quando se atingiu a iluminação. É o reino daquele que compreendeu que a verdadeira natureza e o fenômeno são um só. Neste reino, não há diferenciação entre verdade mundana e a verdade transcendental. Não há distinção entre o eu versus outros. Causa e condição surgem e cessam espontaneamente, como nuvens livres e passageiras no céu. Tudo é naturalmente integrado e cumprido.

Podemos explicar estes quatro níveis de entendimento [1. entendimento correto, 2. causa e condição, 3. sunyata e 4. prajna] de um outro ângulo. Para tocar um instrumento musical, como a flauta, violino ou piano, os principiantes devem estudar primeiro escalas e notas musicais. Devem aprender inicialmente a ler as notas musicais e a se familiarizar com seus respectivos instrumentos. Para produzir cada som, eles devem olhar para cada nota na partitura, tornar-se familiarizados com o uso do instrumento e praticar. Eles continuam com esse processo de praticar até ficarem totalmente familiarizados com a música. Este é o primeiro nível de aprendizado. Estes praticantes só são capazes de tocar olhando para a partitura. Do mesmo modo, quando ainda necessitamos olhar o fenômeno do mundo externo para compreender, estamos no nível do correto entendimento.

Quando estes músicos aperfeiçoam sua prática, a partitura musical fica gravada em seus corações e mentes. Eles podem fechar os olhos e as notas aparecerão naturalmente na mente. Embora pareçam executar a música sem a presença física da partitura, suas mentes ainda estão limitadas pela existência da partitura. Ainda tocam segundo as notas e não são capazes de, livremente, se expressar musicalmente. Este é o segundo nível de entendimento, o de causa e condição.

À medida que os músicos continuam praticando, acbam por penetrar no reino onde o limite entre o externo e o interno desaparecem. Eles não precisam mais olhar a partitura musical, nem tão pouco sentem a existência das notas em suas mentes. Quando tocam, tornam-se unos com a música, esquecendo-se da sensação de identidade separada. A música resultante flui de forma homogênea, suave e maravilhosamente. Embora os executores não mais se apeguem à paartitura musical fisicamente ou às suas mentes, ainda estão tocando algo que aprenderam previamente, ao invés de tocar as suas prórpias composições. Este nível de execução corresponde ao terceiro nível de compreensão, o de Sunyuata.

Finalmente, quando estes praticantes conhecem e integram verdadeiramente a harmonia musical e os conceitos da composição, eles são, agora, músicos afinados com a natureza. São unos com a música, e criam belas compsições musicais, de acordo com o movimento de seus pensamentos. Tudo é música. Da mesma forma, quando a pessoa alcança o nível no qual cada pensamento é Prajna, a sabedoria última, e cada gesto da mão é um discurso maravilhoso, a pessoa está no reino onde não há nenhuma distinção entre o interior e o exterior, não havendo mais o se lembrar ou o não se lembrar. Este é o mais alto nível de ralização do Prajna, na lei de causa e condição.

(Venerável Mestre Hsing Yün - A perspectiva budista sobre causa e condição)

3 comentários:

Bela de uma boba disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bela de uma boba disse...
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Bela de uma boba disse...

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