quinta-feira, outubro 23, 2008

Erik Satie



"Perguntem a qualquer um e ele também lhe dirá que não sou músico. É pura verdade. Desde o começo da minha carreira, eu tenho sido um fonometografista. (...) É o espírito científico que predomina. Eu meço o som. Com o fonômetro nas mãos eu peso alegremente tudo de Beethoven, tudo de Verdi, etc. A primeira vez que usei um fonoscópio, examinei um mi bemol de média intensidade. Eu asseguro a vocês, com toda a sinceridade, que estou ainda para ver algo tão repulsivo. Chamei minha empregada para observá-lo. Na minha balança fonométrica, um fá sustenido comum assume o peso de noventa e três quilos (emitido por um tenor gordo). Vocês já ouviram alguma coisa como a ciência de se limpar o som? Isso é imundo, sabiam? Essa arte é conhecida como fonometria e requer um olho muito acurado. Para minhas frias peças, usei um gravador caleidoscópio. Elas me tomaram sete minutos - chamei minha empregada para escutá-las. Creio que a fonologgia é superior à música. Ela é mais variável, e as possibilidades monetárias são de longe maiores. Com a ajuda deste equipamento, estou apto a escrever tão bem quanto qualquer músico. O futuro, por esta razão, pertence à filofonia (estudo da composição dos sons os mais diversos possíveis)."

(Erik Satie - em Notas de um amnésico)

Um comentário:

Anônimo disse...

cabessom.